Ao folhear uma revista, me impressionou a fotografia de determinada    pessoa,    que já ia pela  meia idade.    Porque foi possível identificar nela, duas pessoas ao mesmo tempo. Como aquelas imagens tridimensionais que, conforme o ângulo, se vê uma figura diferente da outra. 
    
 De um lado,  os traços da juventude e vigor, e de outro, fortes marcas de expressão e rugas em anúncio da velhice física.
    
 Automaticamente veio aquela sensação:  também estou a caminho.  Embora não me sinta velho, nem fisicamente.
      
 Mas neste particular, hora ou outra, surge alguém pra nos mostrar.
    
Nas férias por exemplo, passei numa loja pra olhar uns patins; pensei que já era tempo de aprender a patinar. A atendente, prontamente perguntou:  -  é para seu filho?    Porque limitar as  hipóteses...
    
Mas por coincidência de ver a foto enigmática - no mesmo dia - tive o prazer de receber a visita de um dileto colega de profissão.  Admirei como estava jovial, do alto de seus 70 e tantos anos.  Quando se despediu disse:
  
-  Olha, depois quero te emprestar um livro que estou acabando de ler: “Como envelhecer”.   
      
 Assustei um pouco, será que me achou velho? Deve ter percebido minha reação, e  logo emendou:   
    
  - Sabe como é,  todos  passamos por isto não é?
  
  - Concordo com o senhor. É uma lei irrecorrível,  contra a ação do tempo, não cabe nenhum recurso, nem agravo, embargos ou apelação.